Cultivo de abelhas sem ferrão vira hobby ecológico em Santa Catarina
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Cultivo de abelhas sem ferrão vira hobby ecológico em Santa Catarina
Meliponicultura ganha popularidade, contribui com a natureza e pode ser rentável
por Marcos Herbert
Abelhas sem ferrão (Foto: Éden Federolf/Arquivo Pessoal)
Para a primavera ser a estação mais florida do ano, um trabalho muito importante precisa acontecer: a polinização. Por isso, as abelhas são essenciais em levar o pólen de uma flor a outra. Apesar de serem menos conhecidas, as abelhas sem ferrão são nativas do Brasil e podem ser cultivadas em casa por qualquer pessoa.
A meliponicultura, como é conhecido esse cultivo, traz inúmeros benefícios ambientais e econômicos. É com a ajuda desses insetos que a flora local prospera.
O meliponicultor Paulino Padilha de Lins, 62, lida com o manejo de abelhas nativas há mais de 50 anos em Joinville. O quintal de sua casa tem grande diversidade de plantas e conta com mais de 100 caixas de abelhas sem ferrão. Ele define esse cultivo como uma forma de terapia.
— Sempre gostei de estar envolvido nos cuidados com as abelhas. É relaxante passar o tempo admirando elas trabalharem aqui no terreno, vê-las chegando todas amarelinhas de pólen — disse o meliponicultor.
Assim como os humanos, as abelhas também são afetadas pela poluição e pela degradação do meio ambiente. Além dos riscos naturais, como os predadores, estes insetos sofrem com a urbanização e industrialização crescente: seus habitats naturais são perturbados e seus recursos naturais diminuem.
Éden Federolf, formado em Ecologia, reforça sobre a segurança que a meliponicultura gera para as espécies. O ecólogo trabalha há 12 anos na área e é responsável pelo meliponário Quest, em Schroeder.
Segundo Éden, há espécies de abelhas nativas sob risco de extinção e quanto mais conhecidas, a conscientização sobre o tema aumenta. Sobre isso, o profissional diz observar essa popularização do que pode ser considerado um hobby ecológico.
— O crescimento tem sido exponencial. Há muita procura mesmo, raramente a gente consegue suprir toda a quantidade de enxames solicitada. Se não é procura pelo enxame, é pelo mel — relatou o ecólogo.
Assim, o cultivo resulta na diversidade das espécies, pois reforça a importância da preservação.
É possível empreender através da meliponicultura?
Além de colaborar com o meio-ambiente, quem cultiva abelhas sem ferrão tem a oportunidade de gerar uma fonte de renda, já que vários produtos derivados da meliponicultura podem ser comercializados.
Um dos mais valorizados é o mel. De acordo com meliponicultores da região, 40 ml do mel dessas espécies pode ser vendido a R$50, enquanto um quilo produzido pela abelha com ferrão custa em média R$35. Isso acontece porque a quantidade de mel produzida pelas abelhas nativas é baixa: cerca de 1 quilo por ano, segundo o ecólogo Éden.
Outros produtos também podem ser comercializados: enxames, algumas espécies, como a Bugia, podem alcançar até R$1 mil, própolis produzido pelas abelhas, que é uma mistura de barro e resina que veda a caixa e possui uso medicinal, atrativo, uma solução de própolis, utilizado nas iscas, método de atrair enxames na natureza e produção de caixas com valor médio de R$ 50 a R$ 100.