INFLAÇÃO

Alta de alimentos in natura e insumos afetam indústria de alimentos, alerta Fiesc

Pressões inflacionárias vêm de vários lados e afetam indústrias como as de café e massas

Foto: Divulgação
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Primeiro, a alta de alimentos chega para os produtos in natura, mas logo vai entrando nas cadeias produtivas, prejudicando também a indústria de alimentos. É isso que mostra análise feita pelo economista Marcelo Albuquerque, gerente de projetos em negócios de desenvolvimento industrial da Federação das Indústrias de SC (Fiesc).

De acordo com Albuquerque, a indústria alimentícia de SC está sendo impactada pela alta de preços dos insumos, muitos dos quais alimentos, também pela alta demanda causada pela melhora da renda da população, alta do dólar e por exportações.

- O crescimento econômico brasileiro e a manutenção do consumo das famílias ajudaram a pressionar para cima as expectativas de inflação do mercado ao longo dos últimos 12 meses. O reflexo disso é uma política monetária restritiva, com aumento da taxa básica de juros, diante da piora nas expectativas de inflação - destaca ele ao citar que a projeção de inflação para este ano está em 5,7%.

Segundo ele, diversas indústrias de alimentos estão sendo afetadas, mas o impacto maior ocorre na indústria de café. Com a queda na oferta do grão no Brasil, que é o maior produtor mundial, o preço do café arábica por saca de 60 quilos subiu 108,9% de abril de 2024 até agora, chegando a R$ 2.536,02.

A presidente da Câmara de Alimentos e Bebidas da Fiesc, Micheli Polli Silva, que também é CEO do Grupo Jurerê, empresa processadora de café de Tijucas, SC,  informa o faturamento do setor, em alguns casos, caiu até 70%. E, pelas condições do mercado, os preços de café continuam pressionados, isto é, as altas não pararam.

- Nos momentos de crise olhamos para dentro do negócio para ajustar no detalhe a operação. É uma oportunidade de avaliar e mudar o que não está funcionando, e pensar novas estratégias e atingir novos nichos e mercados para dar um novo norte ao negócio - disse Micheli Poli, que está dando maior atenção às exportações.

Para a indústria de panificação as altas são menores, mas também impactam. Os óleos vegetais subiram 16,7% de abril de 2024 até agora. Nesse caso, a alta vem da quebra da safra 2024/2025 e, também pelo aumento de 20,9% na produção de biodiesel de soja.

Também ficaram mais caros os ovos para a indústria. De janeiro de 2024 para janeiro deste ano, a alta dos ovos no atacado, onde o setor compra, chegou 37,5%. O açúcar subiu 8,9% e a tonelada do trigo teve alta de 5,6% nos últimos seis meses.

- Alguns fatores que afetaram os preços são passageiros, mas precisamos fazer o dever de casa e avaliar a operação para manter nossa capacidade de atender o mercado - recomenda o presidente da Câmara da Panificação e Confeitaria da Fiesc, Ramiro Cardoso.

O empresário, que é sócio da Lili Indústria Alimentícia, produtora de massas, afirma que é preciso investir no desenvolvimento de novos ingredientes e melhoria de processos para enfrentar as dificuldades. Segundo ele, a maioria são obstáculos temporários.

Como a indústria é um setor com longas cadeias produtivas e uso de muitos insumos, ela sofre o impacto de diversos custos, em especial os que resultam da variação do dólar. Com a subida acima do esperado da cotação da moeda no final do ano passado, superando R$ 6,00, muitos insumos como embalagens e ingredientes importados ou nacionais ficaram mais caros. Esses custos ainda estão sendo incluídos nos produtos que vão ao consumidor final.

Fonte: NSC

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