Na edição do Especial de Sábado desta semana (15/03), o senhor Sadi Klein (95), morador de linha Santana, no interior de Santa Helena, traz a sua história de ex-soldado que serviu no Exército na época de Getúlio Vargas.
Ele compartilha suas experiências desde o alistamento até o treinamento e a expectativa de ir à guerra. Ainda lembra de fatos marcantes e de sua vinda para Santa Catarina.
Antes de se apresentar para o Exército, em São Borja (RS), Klein aprendeu sobre o ambiente militar com seu tio, um ex-tenente. Com 18 anos, ele passou nos exames e se destacou nos treinamentos, apesar da sua juventude.
Naquele município gaúcho, a situação era perigosa. Tinha que enfrentar traficantes, contrabandistas e fazendários corruptos, exigindo dele e seus colegas soldados estarem sempre em contante vigilância.
Só não foi selecionado para a guerra, no que ele lembra, contra a Itália pelo seu ato de grandeza ao se manifestar voluntariamente. Getúlio Vargas lidou com a dívida do país com os Estados Unidos através do envio de 20 mil soldados para lutar contra o país europeu. Do grupo enviado pelo quartel, ninguém voltou.
Na avaliação dele, Getúlio Vargas foi um presidente que fez mudanças significativas no Brasil, desarmou a população e melhorou a economia. O senhor relatou o evento de aniversário em que participou da segurança para a chegada do presidente em sua fazenda no município gaúcho.
Também disse que o pai de Sadi enviou uma carta informando que estava doente. Após um mês com a carta, ele pediu ao coronel para voltar à casa e cuidar dele. Trabalhou duro na propriedade, plantando feijão, e, com sorte, conseguiu colher boas quantidades, mesmo enfrentando 22 dias de chuva que prejudicaram outros agricultores. Ele pagou todas as dívidas do pai e melhorou a situação da fazenda.
Depois, Klein recebeu uma proposta para trabalhar em Santa Catarina, concordou com o pai e se despediu, deixando sua propriedade aos cuidados de um irmão. Após um tempo, precisou voltar porque a situação financeira dos pais estava mais uma vez ruim. Conseguiu reverter a condição e retornou para o estado catarinense.
Casou-se com Elza Povala e teve três filhos, incluindo Lenoir, Carlos Roberto e Cleusa. Sadi relatou que foi casado, mas a relação não deu certo, levando à separação. Ele ficou com a parte da casa e pagou as dívidas. Depois, trabalhou na costa do rio Peperi, onde fez cercas e palanques, vivendo em contato com a natureza. Ele se dedicou a diversas atividades, comprou um carro e se reconectou com os amigos.
Um momento marcante na vida dele foi quando ajudou um amigo, comprando um cavalo e uma vaca, e o amigo ficou tão feliz que nomeou um filho em sua homenagem. Ele estava se referindo ao então prefeito Sadi Bonamigo.
Atualmente, Sadi, um devoto, participa de atividades sociais. Ele mora no interior de Santa Helena e é aposentado da colônia. Completou 95 anos em 24 de janeiro e gosta de cuidar de abelhas, atividade que o faz esquecer outras preocupações. Sadi produz mel para vender e tem um método especial para garantir a qualidade do produto.
Sadi ainda expressou a satisfação por ter contribuído para a vida das pessoas ao seu redor.
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Rádio Progresso FM