
A chegada da onda de calor em Santa Catarina trouxe outra preocupação conhecida: a dengue. A proliferação do mosquito Aedes aegypti é mais intensa no verão, por conta das temperaturas mais elevadas e das chuvas, dois fatores bastante presentes no Estado nas últimas semanas.
Com a junção de clima mais quente e chuvas que propiciam acúmulo de água, a eclosão dos ovos do mosquito é facilitada. Assim, aumenta a circulação do mosquito e os consequentes casos da doença.
Desde o início de 2025, segundo dados do Centro de Informações Estratégicas para a Gestão do SUS de Santa Catarina (Cieges/SC) consultados na terça-feira (25), foram registrados 5.474 casos prováveis de dengue no Estado, sendo que destes, 814 foram confirmados e 4.660 são considerados suspeitos.
Ainda, houve registro de 12 casos de dengue com sinais de alarme. Até o Informe Epidemiológico divulgado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) no dia 10 de fevereiro, quatro mortes pela doença estavam em investigação.
A médica infectologista Carolina Cipriani Ponzi explica que o calor impacta na proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, o que resulta em um maior número de casos da doença em épocas com temperaturas mais elevadas.
— Os mosquitos, eles se proliferam em clima quente e úmido. Então quando a gente está nos meses quentes do ano, principalmente os meses de verão, a gente sabe que a água acaba acumulando mais e os ovos eclodem, as larvas se proliferam e aumentam o número de mosquitos no ambiente. Então, a combinação de calor com umidade, com chuva, ou com água parada é ótima para o "mosquitinho" — afirma.
O monitoramento feito pela Dive considera semanas epidemiológicas para contabilizar os casos prováveis de dengue. Assim, nas semanas de 1 a 3, entre os dias 29 de dezembro e 18 de janeiro, o número de novos casos prováveis por semana girou em torno de 400.
Na semana 4, entre os dias 19 e 25 de janeiro, subiram para 557 casos. Já na semana 5, entre os dias 26 de janeiro e 1º de fevereiro, foram 579.
O maior crescimento é registrado a partir das semanas 6 e 7, que equivalem dos dias 2 a 15 de fevereiro, período em que o Estado enfrentou uma onda de calor com temperaturas que ultrapassaram os 40ºC. Foram 672 casos prováveis na semana 6, entre os dias 2 e 8, e 1.092 casos na semana 7, entre os dias 9 e 15 de fevereiro.
A semana epidemiológica 8, entre os dias 16 e 22 de fevereiro, também registrou crescimento nos números, com o patamar avançando para 1.336 casos. As temperaturas seguiam elevadas no Estado nesse período, ainda que não mais classificada como onda de calor.
Apesar da gradual elevação dos casos neste início de ano, os números estão abaixo do registrado no mesmo período de 2024. Nas primeiras oito semanas do ano passado, foram 26.265 casos prováveis de dengue, o que mostra uma queda em 2025 de 82,26% em comparação a 2024.
Segundo a infectologista Carolina, os casos registrados em um determinado período de tempo são resultado, provavelmente, de uma contaminação uma semana antes, o que gera reflexo nos números monitorados.
— Na verdade, está tendo dias muito quentes já há algumas semanas, né? Então, os casos que estão acontecendo agora são casos que houve a contaminação, possivelmente, na semana anterior. Quando a gente tem ainda a perpetuação desse calor, a gente sabe que os casos, os dias que se seguem a isso, acabam aumentando também em havendo os criadouros de mosquito. A grande questão é o aumento do número de focos, que precisa ser devidamente avaliado e quantificado — afirma Carolina Ponzi.
Para as próximas semanas, em que o calor intenso deve voltar a Santa Catarina, a médica afirma que um aumento do número de casos pode ser registrados. A infectologista explica, porém, que os casos não estão diretamente ligados ao calor, e sim a proliferação do mosquito.
— Lógico que o mosquito, ele é de clima quente, tanto que os casos de dengue no inverno diminuem. Então, a combinação calor e água parada faz proliferação maior de mosquito e aumenta os riscos de aumento do número de casos de dengue — detalha.
Fonte: Nathalia Fontana - NSC