
No começo deste mês, a extensionista social da Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) Flávia Maria de Oliveira Ott, completou 15 anos de atuação profissional. Ela cedeu entrevista na edição do Especial de Sábado, pela Rádio Progresso FM.
Flávia conta sobre sua trajetória, falando sobre como começou na Epagri, logo após se formar em Serviço Social em Florianópolis, e como esperou quatro anos para assumir sua vaga depois de ter sido aprovada em um concurso. Flávia compartilha que, enquanto aguardava, trabalhou e estudou na capital estadual. Ela tem dois filhos, Júlio e Maria Luiza.
Ao ser questionada sobre sua escolha pela função pública, Flávia explica que já havia trabalhado em uma empresa pública e viu a importância deste tipo de serviço. Ela sempre quis trabalhar no atendimento à população. A profissional admite não ter reconhecido a extensão rural como uma profissão inicialmente, mas, com o tempo, aprendeu que sua formação em Serviço Social a capacitou para trabalhar com diversas comunidades.
Flávia fala sobre a importância da extensão social, que é uma parte do trabalho realizado na Epagri, afirmando que as equipes multidisciplinares, técnicos e de escritório, ajudam as famílias rurais. Ela destaca que seu trabalho está ligado ao bem-estar das famílias que vivem e trabalham no mesmo espaço. É necessário trabalhar tanto nas questões sociais quanto nas técnicas para apoiar o desenvolvimento das famílias.
A extensão social, segundo Flávia, também ajuda a criar novas fontes de renda para as famílias. Ela explica que é fundamental abordar as questões sociais junto com o desenvolvimento econômico. Deve-se considerar a saúde e o bem-estar das pessoas, pois a atividade agrícola não pode acontecer se os agricultores não estiverem bem.
A profissional destaca a necessidade de agregar valor aos produtos rurais, explicando como a mulher agricultora pode transformar o leite em queijo, por exemplo, e economizar na compra de alimentos. Isso mostra como a extensão social traz benefícios diretos para a vida das famílias rurais.
Ela também fala sobre o programa de alimentação escolar em Descanso, que é um exemplo de como a extensão social atua. O município se destaca por comprar 100% dos alimentos da agricultura familiar, contribuindo para a economia local. A Epagri auxilia nesse processo, melhorando as práticas agrícolas e organizando a comercialização.
Flávia comenta que, em 2016, o município já havia avançado na compra de produtos da agricultura familiar, e em 2018, a Epagri continuou a trabalhar para fomentar essa cooperação entre agricultores e o programa de alimentação escolar. O desenvolvimento preciso de produtos alimentares também tem um foco na saúde, utilizando plantas alimentícias não convencionais, que trazem benefícios nutricionais.
Ressaltou que seu trabalho abrange não apenas mulheres, mas também envolve gênero e juventude, enfatizando o papel da mulher na produção de alimentos. Embora as mulheres frequentemente assumam a responsabilidade pela alimentação da família, o que é uma norma social. A extensão social também busca incluir pessoas com deficiência, considerando como integrar agricultores com dificuldades auditivas ou visuais nas atividades.
Um dos trabalhos notáveis de Flávia é o projeto Zap Rural, que surgiu durante a pandemia para comunicar informações técnicas através de vídeos curtos, em resposta à impossibilidade de visitas presenciais. Essa iniciativa se mostrou eficaz mesmo após o fim das restrições da pandemia e ganhou reconhecimento internacional, incluindo interesse do Ministério da Colômbia, da FAO e participação em congressos.
Além disso, Flávia explica a importância de criar vídeos instrutivos sobre práticas agrícolas simples, como a coleta de solo para análises. O Zap Rural utiliza o WhatsApp como principal mecanismo de distribuição, já que a maioria dos agricultores possui acesso a smartphones. Essa forma de comunicação garante que a informação chegue a todos, independentemente da alfabetização, já que até mesmo áudios podem ser compreendidos.
Flávia menciona que a edição dos vídeos inclui orientações sobre questões sociais, como relações familiares, além de fornecer informações práticas para o dia a dia dos agricultores. O reconhecimento do Zap Rural é um testemunho de sua relevância, tendo sido incluído no Anuário da Agricultura Brasileira. O foco é simples: disseminar conhecimento prático de forma rápida, acessível e compartilhável.
O reconhecimento de seu trabalho é constante, pois ela participa de grupos que fortalecem a extensão rural na região.
Saiba mais e outros projetos desenvolvidos por ela em entrevista completa a seguir
Fonte: Rádio Progresso FM